“BRASIL: PÁTRIA EDUCADORA", (5) AFINAL O QUE É ISSO? 02/06/2015 - 11:30

Dirceu Antonio Ruaro*

Prezados leitores, no texto de hoje, concluo minha análise sobre a parte do discurso de sua Excelência, a Presidente da República, no dia de sua posse, sobre a EDUCAÇÃO e o lema BRASIL: PÁTRIA EDUCADORA, focalizando o tema do PRONATEC e algumas considerações finais.
Disse a Presidente: “O Pronatec oferecerá, até 2018, 12 milhões de vagas para que nossos jovens, trabalhadores e trabalhadoras tenham mais oportunidades de conquistar melhores empregos e possam contribuir ainda mais para o aumento da competitividade da economia brasileira. Darei especial atenção ao Pronatec Jovem Aprendiz, que permitirá às micro e pequenas empresas contratarem um jovem para atuar em seu estabelecimento”.
É bom lembrar, de inicio, que o PRONATEC não é o substituo do ensino médio.
Também é bom frisar que o ensino médio brasileiro, vai muito mal, obrigado e que necessita de muito mais do que um programa pontual, para resolver questões de empregabilidade, como o PRONATEC, para melhorar.
Muito mais do que apenas mudar currículo e propor mudanças simplistas, o ensino médio brasileiro necessita de um mergulho profundo nas raízes de seus problemas sérios de ensino e de aprendizagem.
Para muito além da mudança de currículo e, de nomenclaturas de disciplinas, é preciso aprofundar a discussão sobre que diretrizes curriculares nacionais devem ser implantadas e implementadas a fim de se pensar num ensino médio de qualidade.
Mais, saber que é qualidade de ensino e de aprendizagem e que tipo de docentes são necessários para, não impor, mas construir um ensino médio que dê conta de ensinar adequadamente nossos adolescentes e, de fato, prepara-los para o mundo do trabalho.
Mas, voltando ao PRONATEC, penso que se o mesmo não contivesse a ideia de “preparar mão-de-obra barata”, até seria uma excelente saída.
Porém, não se pode confundir formação e preparação para o trabalho com a ideia de mão de obra barata. E, infelizmente, é isso que ocorre com o Programa.
Esse, aspecto do discurso, deixa grandes preocupações, pois o ensino médio brasileiro está uma lástima e se não houver o aprofundamento acadêmico não teremos a formação de “gente que pensa” no desenvolvimento cientifico, humano e social brasileiro.
O PRONATEC é um protótipo de balcão de emprego e não uma proposta de formação acadêmica adequada e, necessária, para o desenvolvimento brasileiro.
Se quisermos competir com outros países, precisamos de uma formação cientifica profunda.
Precisamos de docentes extremamente bem preparados para atuar no ensino médio e, aí já não basta mais a “formação aligeirada” e sem um estágio, uma prática, que fato, prepare o docente para atuar com decisão e firmeza num processo de ensino que, necessariamente, precisa ser acadêmico e considerar os conteúdos básicos como extremamente importantes e que não podem ser ensinados de qualquer jeito.
Questões de linguagem (compreensão efetiva da língua e seus processos de escrita) e da matemática (cálculo não apenas o básico) questões de química, biologia e enfim ciências da natureza, que não podem ser superficiais, precisam compor um currículo que, de fato, seja a mola propulsora de um ensino médio capaz de dar rumo aos que dele participam e impulsionar o estudante em busca da maior complexidade do conhecimento via ensino superior.
Portanto, para muito além do PRONATEC, o ensino médio brasileiro dá seus últimos suspiros em busca de algo que lhe dê fundamento e uma razão para sua existência, pois caso contrário, continuará sendo uma extensão de mais três de um ensino fundamental capenga e sem esperanças.
De resto, é preciso pensar numa reforma estruturante de todo o ensino básico brasileiro.
Mas precisam-se adotar medidas urgentes na formação dos docentes, na estrutura física das unidades escolares, nas condições de trabalho e, especialmente, na finalidade do ensino médio. O que se ensina e para que se ensina precisa de uma razão urgente, se quisermos tirar o ensino básico brasileiro da mortalha em que se encontra, pense nisso, enquanto lhe desejo boa semana.

*Dirceu Antonio Ruaro é Licenciado em Letras Português-Inglês;  Licenciado em Pedagogia, Mestre em Educação, Doutor em Educação, Secretário Municipal de Educação, Cultura, Esportes e Lazer de Vitorino-Paraná e membro do Conselho Estadual do Paraná.

GALERIA DE IMAGENS