Comissão de Ensino Religioso do CEE/PR faz palestra com representantes do Judaísmo e Espiritismo 11/04/2023 - 14:53
A Comissão de Ensino Religioso do Conselho Estadual de Educação do Paraná (CEE/PR) recebeu, durante a 2.ª Reunião Ordinária, o Vice-Presidente da Federação Israelita do Paraná e Conselheiro da comunidade Israelita deste estado, Isac Baril, a Coordenadora Pedagógica do Museu do Holocausto de Curitiba, Denise Weishof, o Presidente da Associação Médico Espírita do Paraná, Dr. Edison Gomes Tristão, e o membro da equipe pedagógica da Associação Inter-Religiosa de Educação (Assintec), Elói Correa dos Santos.
O CEE/PR está realizando, desde o segundo semestre de 2022, uma série de palestras sobre diferentes religiões presentes no estado do Paraná a fim de dialogar com os diversos credos para obter o maior número de informações possíveis que contribuam ao desenvolvimento do trabalho da Comissão do Ensino Religioso, que foi instituída por meio da Portaria n.º 08/2022, para desenvolver estudos referentes à atualização da Deliberação CEE/CP n.º 01/2006, e tratar das normas para o Ensino Religioso do Sistema Estadual de Ensino no Paraná.
Dentre os tópicos abordados pelos representantes estão: o desenvolvimento dos conteúdos relativos ao componente curricular em questão nas escolas do Paraná; a visão do estado laico e a sua profissão de fé (doutrina); o Ensino Religioso nos países de profissão de sua respectiva fé e a organização específica para tratar o Ensino Religioso na confissão religiosa que representa.
Dr. Edison Gomes Tristão apresentou o Espiritismo como um conjunto de princípios e leis, revelados pelos Espíritos Superiores, contidos nas obras de Allan Kardec, que constituem a Codificação Espírita. Citou o Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese, e explicou que o espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal. Disse que o Espiritismo revela conceitos novos e mais aprofundados a respeito de Deus, do Universo, dos Homens, dos Espíritos e das Leis que regem a vida, o que somos, de onde viemos, para onde vamos, qual é o objetivo da nossa existência e qual é a razão da dor e do sofrimento, trazendo conceitos novos sobre o homem e tudo o que o cerca.
Ainda segundo o Presidente da Associação Médico Espírita do Paraná, o Espiritismo toca em todas as áreas do conhecimento e do comportamento humano, contribuindo, desta forma, para a regeneração da Humanidade. A religião Espírita deve ser estudada, analisada e praticada em todos os aspectos fundamentais da vida, tais como: científico, filosófico, religioso, ético, moral, educacional, social.
A religião Judaica também foi abordada. Ela é representada pela Federação Israelita do Paraná, uma entidade filiada à Confederação Israelita do Brasil (CONIB) que foi fundada em 16 de maio de 1976 e tem a missão de representar com exclusividade os interesses da Comunidade Israelita do Paraná perante os órgãos oficiais do estado – judiciário, legislativo e executivo.
O Vice-Presidente da Federação Israelita do Paraná, Isac Baril, salientou que a Comunidade Israelita do Paraná começou sua história há mais de 120 anos, quando, em 1889, os primeiros imigrantes judeus chegaram ao estado vindos da Europa, havendo a primeira manifestação de estrutura comunitária formal em 1913.
Atualmente, a comunidade concentra diversas entidades judaicas em um único espaço físico, como por exemplo, o Centro Israelita do Paraná, que tem um tripé formado pela Educação (Escola Israelita), Religião (Sinagoga) e Vida Comunitária (Clube), reunindo cerca de 1.000 famílias.
Isac Baril destacou a Escola Israelita, que tem compromisso com a formação de cidadãos determinados, visionários e com vontade de fazer o bem. “Nela, são ensinados valores éticos e temas que permeiam a existência humana, fazendo emergir um ser humano completo, que busque em suas raízes o significado e a resposta às suas indagações”, afirmou.
Já a Coordenadora Pedagógica do Museu do Holocausto de Curitiba, Denise Weishof, explicou que etse surgiu na década de 1990, com a ideia de conceber um espaço voltado à memória do holocausto em Curitiba, durante visitas do empresário Miguel Krigsner, filho e genro de sobreviventes, a memoriais e museus do Holocausto.
Em 2004, o professor Sergio Alberto Feldman, doutor em História e então coordenador de cultura judaica da Escola Israelita Brasileira Salomão Guelmann, em Curitiba, recebeu a missão de realizar as primeiras investigações. Nesta primeira fase, ele desenvolveu uma pesquisa iconográfica em Israel, sob orientação de Avraham Milgram, historiador do Yad Vashem.
Ele explicou que o mundo vivia um período de conscientização sobre os legados do genocídio e a consolidação das filosofias educativas das duas maiores instituições ligadas ao tema: o United States Holocaust Museum, em Washignton, e o Yad Vashem, em Jerusalém. Além disso, Sergio Alberto Feldman conseguiu reunir uma coleção de 14 depoimentos em VHS de sobreviventes estabelecidos em Curitiba, entrevistados em 1997 pela equipe da USC Shoah Foundation.
Em 2009, após 12 anos do projeto pausado, a solução despontou com a necessidade da construção de uma nova sinagoga para a comunidade judaica de Curitiba. O projeto arquitetônico do edifício, que abrigaria tanto o local de culto quanto o futuro museu, foi apresentado no dia sete de novembro de 2010. Poucos dias antes, seria criada a Associação Casa de Cultura Beit Yaacov, instituição sem fins lucrativos responsável pela gestão do futuro museu e que conta ainda com o trabalho incansável de Jaime Ingberman e do Dr. Charles London.
No início de 2011, começou a última parte da pesquisa histórica e a execução completa do projeto. Por fim, o museu foi inaugurado em 20 de novembro de 2011 e passou a receber visitantes a partir de fevereiro de 2012, com narrativas que não podem ser esquecidas e que devem ser transmitidas às próximas gerações. Foi com este objetivo que nasceu o Museu do Holocausto de Curitiba, que recebe semanalmente cerca de 800 pessoas, entre adultos e alunos de escolas públicas e particulares, num espaço de 400 m².
Com uma vocação educativa e linha pedagógica bem definida, o Museu mostra os acontecimentos da guerra por meio de histórias de vítimas que têm ligação com o Paraná ou o Brasil. Trata-se de uma ferramenta contra a desumanização nazista. Destaca também a luta contra a intolerância, o ódio, a discriminação, o racismo e o bullying, tão relevante nos dias de hoje e fundamental para que o interesse pelas visitas fosse disseminado. Hoje, é o único espaço do país que conseguiu unir os eixos de educação, memória e pesquisa com uma proposta museológica para o trabalho sobre o holocausto.
Segundo Denise Weishof, o museu organiza seminários e debates, assim como desenvolve materiais pedagógicos que buscam promover uma discussão abrangente sobre o preconceito e a violência ao longo dos séculos XX e XXI. A mensagem do Museu ao público curitibano, paranaense e brasileiro é de que “a humanidade aprenda a conviver melhor e a respeitar as diferenças de cor, fé, etnia ou posições políticas”, afirmou Weishof.
Para o Conselheiro Flavio Vendelino Scherer, Presidente da Comissão de Ensino Religioso do CEE/PR, “o diálogo inter-religioso e o ecumenismo são fundamentos da disciplina de Ensino Religioso, sendo este o caminho para promover o respeito entre as diferentes religiões, credos e culturas e, consequentemente, construir uma cultura de paz na sociedade vigente”.
Estiveram presentes: Conselheiros (as) Ana Seres Trento Comin, Flávio Vendelino Scherer, Maria das Graças Figueiredo Saad, Naura Nanci Muniz Santos, Oscar Alves, Ozélia de Fátima Nesi Lavina; Assessores(as) Técnico-Pedagógicos (as) Adriana Guimarães Boiko, Jorge Luiz Alves; Assessora Técnico-Administrativa Izabelle Ricardo Ramos Mayerle.