EDUCAÇÃO “IN COMPANY” OU “EDUCAÇÃO COMPARTILHADA” (1) 16/08/2016 - 10:20
Dirceu Antonio Ruaro*
Nas redes sociais, tem sido muito frequente posts afirmando que à família cabe educar e à escola cabe ensinar.
De certa forma e, em certa medida, muitos desses posts têm suas razões. Porém, hoje, no contexto atual do século XXI, em que tanto família, quanto escolas tiveram que se “reinventar”, para dar conta do tempo que permanecem com as crianças, é preciso levar essa situação em consideração e entender que houve mudanças.
Nesse tempo de “novas famílias e novas escolas”, parece-me que há um novo pano de fundo.
E esse “novo pano de fundo” conclama, tanto famílias, quanto escolas, a “educarem e cuidarem das crianças, pois afinal, são nosso presente e nosso futuro”.
Defendo, a partir desse “novo contexto”, um novo olhar sobre o tema. O olhar da educação “in company”, ou seja, uma educação “compartilhada”
Evidentemente que, famílias e escolas, devem manter suas especificidades, mas, ao mesmo tempo, precisam ser parceiras, visto que boa parte do tempo e, em muitos casos, a maior parte do tempo, as crianças permanecem sob a guarda da escola.
Precisam, sob esse olhar, organizar-se para compartilhar questões educativas não apenas de aprendizagem acadêmica. Mas, também, questões ligadas ao desenvolvimento humano e, por consequência, à educação de valores.
E, nesse sentido é preciso sim, que as duas instituições, família e escola, saibam compartilhar suas expectativas, seus anseios, suas inseguranças, como também suas certezas e desejos de desenvolver um ser humano cada vez melhor.
Como fazer isso? Não é nada simples e não tem receitas. Necessário se faz, em primeiro plano, um Projeto Pedagógico de Escola que vá ao encontro dos anseios e das vivências das famílias e isso só se faz com diálogo, compreensão, objetivos e metas comuns e, também, famílias dispostas a agir de forma compartilhada.
Sugiro que as famílias iniciem o processo, por meio de suas vivências diárias. Vivências cotidianas, que incluem a escola, os amigos.
Os pais precisam entender que a vivência em família exige longas conversas sobre a escola, os professores, os amigos, as dificuldades, as facilidades de cada um e, é lógico, a cobrança das responsabilidades, indicando direitos e deveres. Isso refletirá positivamente na escola e, quando a escola propuser “diálogos”, discussões e cobranças de direitos e deveres, de respeito a si mesmo e aos outros, já terá um caminho inicialmente trilhado pela família.
Também faz parte da vivência em família, o compartilhamento de momentos fáceis e difíceis da vida. É preciso, ajudar os filhos a se organizarem. Todos devem ter horários estabelecidos para estudar, brincar, fazer tarefas. Esse tipo de vivência auxilia, enormemente, na construção do olhar sobre si mesmo e os outros. Na valorização do tempo que se dispõe durante o dia e na organização dos horários da escola.
Outra vivência importante em família, é que os pais precisam estar muito atentos ao desenvolvimento e crescimento dos filhos. A escola tem a obrigação de propor e desenvolver conteúdos de aprendizagem suficientes para que as crianças aprendam a ler, escrever, interpretar, usar as quatro operações fundamentais de matemática, prepará-las para o estudo das ciências sociais, enfim, a família precisa acompanhar o desenvolvimento acadêmico das crianças. E, em parceria com a escola, incentivar e cobrar o estudo necessário por parte das crianças.
Essa parceria é fundamental para o desenvolvimento acadêmico, social e profissional das crianças. A criança que é cobrada vai agradecer no futuro. Não se trata aqui de “dar bronca”, de “apenas cobrar”, trata-se de identificar dificuldades e facilidades e agir em prol de um desenvolvimento harmonioso.
Além disso, não basta cobrar conteúdos acadêmicos. É muito importante estar disposto a discutir valores, ética, moral, certo e errado com as crianças desde pequenos. A educação humana exige isso.
Essa questão é importante demais na construção do “novo cidadão” que o mundo necessita: um cidadão que tenha coerência com o que pensa, diz e o que faz. A família e a escola precisam ser coerentes na formação e desenvolvimento do ser humano, serem capazes de perguntar, responder e entender o que seus filhos e alunos pensam e sentem e, funcionarem como ponto de referência, pensem nisso enquanto lhes desejo boa semana.
* Professor – Pedagogo-Psicopedagogo Clínico e Institucional- Gestor de Educação Pública – Secretário Municipal de Educação de Vitorino-PR- Educador - Doutor em Educação. Membro do Conselho Estadual de Educação do Paraná (Presidente da CEIF (CÂMARA DE EDUCAÇÃO INFANTIL E FUNDAMENTAL). www.dirceuruaro.com.br e-mail dirceu_ruaro@yahoo.com.br