EDUCAÇÃO “IN COMPANY” OU “EDUCAÇÃO COMPARTILHADA” (Parte 2) 23/08/2016 - 10:20

Dirceu Antonio Ruaro*

Defendi a tese de que é preciso ter um novo olhar para “esse novo pano de fundo” da sociedade deste maravilhoso século XXI.
Século no qual, a família e a escola, essas duas instituições pilares da sociedade, vêm sofrendo imensas e profundas transformações.
Pois bem, quero continuar a proposta de analisar o significado dessa nova relação família/escola, ainda centrado nas vivências familiares, para, no próximo texto, analisar a questão da escola. Até porque, recebi muitos pedidos nesse sentido.
Falei de várias vivências familiares importantes, quero salientar, hoje, inicialmente uma questão importante com relação ao aprendizado das crianças. Nós, educadores, sabemos por experiência, que a grande maioria das mães, especialmente, só dá alguma importância ao rendimento escolar do filho, quando as notas são baixas. Quando as notas são altas, dizem que o filho não fez mais do que a obrigação.
De certa forma, os filhos têm obrigação de tirar boas notas e ter bom aproveitamento. Concordo que essa é uma obrigação deles. Mas, não custa nada elogiar, verificar se a criança tem dificuldade, e ajudar.
Por isso, a vivência cultural da família é importante. Não apenas boas notas, bom desempenho escolar, bom comportamento. Um bom livro, um bom filme, uma apresentação cultural. Tem famílias que nunca fazem nada disso. Como se ler um livro fosse um pecado. Tem mãe e pai que jamais abrem um livro na frente dos filhos. Nunca assistem e discutem um filme com os filhos. Nunca ouvem uma música e questionam sobre o conteúdo da letra. É ruim, hein?
É preciso valorizar os atos culturais. É preciso valorizar o ato de escrever. Fazer uma espécie de “troca” de escritas, de pequenas histórias. O rendimento escolar dá um salto inimaginável quando existem trocas desse tipo.
É lógico que existem inúmeras vivências que precisam ser observadas, analisadas e, quando necessário, é preciso rever o rumo e retomar o caminho.
Vejo, com imensa preocupação, o futuro de nossas famílias, de nossas escolas, de nossa sociedade e de nosso país. Quanta coisa poderia ser diferente num país imenso e rico como esse. País que foi, nas últimas décadas, descaradamente assaltado por um bando que, em nome da democracia, descaracterizou a escola, as famílias, a sociedade.
Ora, vivências de democracia deve ser o ponto alto da família. Evidentemente sob a coordenação dos pais. Sob os cuidados dos pais. Uma família precisa viver as experiências do coletivo, sim, com certeza, mas deve viver, também, a experiência da hierarquia que, na família, está sob a guarda dos pais.
Por isso, é preciso que as vivências familiares sejam de compromisso com a família, com os filhos e, também, com o país. Isso ensinará aos filhos o valor da família, das relações interpessoais e, muito profundamente, o respeito pelo país que lhes é o torrão natal.
Se a família não proporcionar a vivência do respeito, dos valores, da cidadania, da civilidade, de nada adianta o discurso da escola. Não se vê respeito nas ruas, no trânsito, no lixo jogado nas praças e nas ruas quando se está utilizando-as até porque há a ideia de que tem quem limpe.
Se, em casa, a criança aprender que é preciso contribuir e ajudar nas pequenas tarefas irá, certamente, entender que é preciso cuidar de tudo o que é seu, inclusive a rua, a praça, o parquinho público.
Cansamos, sinceramente, de promessas, de futuros cidadãos. É preciso viver a cidadania em casa agora. De nada adianta planos de governo se na prática, entra governante, sai governante e a cidadania e a civilidade brasileira está cada vez mais no “ralo”.
Perdoem-me, queridos pais, mas não dá mais. É preciso se indignar diante de tanta falta de ética, de cidadania, de respeito ao dinheiro do povo brasileiro.
Se a família for capaz de ensinar os valores que nos roubaram, creio que ainda teremos uma possibilidade de resgatar a nossa cidadania e a civilidade do bom povo brasileiro.
São vivências necessárias, se quisermos, de fato, uma nova família, uma nova escola, uma nova sociedade. E, quem sabe, as datas cívicas também voltem a fazer sentido para todos nós. A salvação de nossa Pátria, está, sem sombra de dúvidas na relação das duas grandes instituições, que, ainda, não foram destruídas de todo: família e escola, pensem nisso enquanto lhes desejo boa semana.


* Professor – Pedagogo-Psicopedagogo Clínico e Institucional- Gestor de Educação Pública – Secretário Municipal de Educação de Vitorino-PR- Educador - Doutor em Educação. Membro do Conselho Estadual de Educação do Paraná (Presidente da CEIF (CÂMARA DE EDUCAÇÃO INFANTIL E FUNDAMENTAL).  www.dirceuruaro.com.br  e-mail dirceu_ruaro@yahoo.com.br

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