EDUCAÇÃO “IN COMPANY” OU “EDUCAÇÃO COMPARTILHADA” (parte 3) 31/08/2016 - 11:20

Dirceu Antonio Ruaro*


Já está muito claro, para todos nós, que a escola precisa posicionar-se e, de fato, contribuir na educação das crianças.
Não dá mais para apenas dizer que à escola cabe ensinar, transmitir conhecimentos ou, as mais atualizadas, dizerem que a escola é local de construção de conhecimento.
E é justamente por aí que quero iniciar.
A Escola, como instituição, é sim local de construção de conhecimento. Concordo, plenamente. Mas, quero acrescentar apenas uma questão a esse debate: a educação humana, por acaso não é uma “construção de conhecimento?”.
Ora, se não fosse, não seria necessário que os próprios pais iniciassem essa construção em casa.
Nenhum ser humano nasce sabendo relacionar-se com o outro, respeitar o outro, reconhecer direitos e deveres do outro.
Por acaso não é essa uma construção urgente, necessária e fundamental para “humanizar o ser humano”?
Se assim for, então, de fato, a instituição escola e a instituição família, têm muito que fazer, em parceria.
Digo isso porque a criança, hoje, tem seu tempo dividido basicamente entre as duas instituições.
Então, cabe as duas tomarem as providências para educar esse ser humano que depende delas para tornar-se um ser humano mais digno de ser chamado de “humano”.
Caros amigos, aí está o ponto principal da questão.  Tanto uma quanto a outra instituição, não conversam entre si, não dialogam, não planejam em parceria.
Por isso, pensar numa educação compartilhada significa, em primeiro lugar, ter uma direção para olhar.
Que ser humano queremos educar nessas duas instituições? E, ainda, em parceria?
Qual é o plano, como se planeja isso em conjunto? Que vivências a escola deve proporcionar para, em compartilhamento com a família, assumir essa nova postura na direção da formação do ser humano que saiba respeitar-se e respeitar os outros?
Nas considerações dos dois artigos que antecederam a esse, tentei ser bem claro a respeito das vivências familiares para possibilitar um relacionamento perfeito com a escola.
Pois bem, se a escola e a família não se conhecem, não sabem as direções que tomam, não conhecem as vivências comuns que devem explorar para educar, não adianta falar, discursar, dizer que é necessário um “casamento” entre as duas instituições. Perdoem, usei a palavra “casamento” por não encontrar outra com melhor significando, mesmo sabendo dos riscos que corro, pois esse é um relacionamento que nem sempre traz alegrias, prazeres e felicidade e, muito menos, condições de educar.
Mesmo assim, repito, é preciso haver “um casamento” entre as duas instituições encarregadas pela sociedade para educar seus filhos.
Evidentemente que não será uma tarefa fácil. Primeiro, porque é preciso dar-se a conhecer por ambas as partes.
Mas, também não é difícil, se houver a intenção séria e se colocarem as crianças, que são o foco principal da educação, em primeiro lugar.
Mas atenção, esse tipo de proposta exigirá, com certeza, o desvelamento das situações da escola e da família.
Trazendo para a questão mais prática, é preciso que o conhecimento entre as famílias e as escolas que educam as crianças de uma determinada região, saia do conhecimento superficial.
Os professores precisam, nessa proposta, conhecer a fundo as famílias e as famílias conhecerem, de fato, o projeto educativo da escola, sem máscaras e, quando falo isso, não falo das “efemérides” que a escola comemora. Falo das vivências diárias, das situações que precisam ser exploradas para dar continuidade ao trabalho educativo iniciado pela família e, de forma, complementar, continuado na escola.
Sem isso, não se tem a menor condição de pensar numa educação compartilhada entre família e escola, por ora, pensem nisso, na próxima semana continuaremos e, tentaremos apontar algumas vivências necessárias e possíveis nessa imensa e infinitamente maravilhosa missão de “educar o ser humano para que, de fato se torne ‘humano’”, pensem nisso enquanto lhes desejo boa semana.


* Professor – Pedagogo-Psicopedagogo Clínico e Institucional- Gestor de Educação Pública – Secretário Municipal de Educação de Vitorino-PR- Educador - Doutor em Educação. Membro do Conselho Estadual de Educação do Paraná (Presidente da CEIF (CÂMARA DE EDUCAÇÃO INFANTIL E FUNDAMENTAL).  www.dirceuruaro.com.br  e-mail dirceu_ruaro@yahoo.com.br

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