EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA, TRABALHANDO CONCEITOS E HISTÓRIA 04/08/2015 - 10:10
Archimedes Maranhão*
Tem sido comum a idéia de conceituar-se a Educação a Distância a partir da preocupação com a mediação didática e na maioria dos casos, em prejuízo dos objetivos e causas da sua utilização. Esta vem sendo a razão de inúmeros estudos desde a década de 90, quando entre outros assuntos, procurou-se resolver a conceituação da educação à distância. Ver Educação a Distância, Fundação Brasileira de Educação - Niterói.
As forças armadas, pela extensão dos seus serviços, que dificultavam os deslocamentos de pessoal, lançou seu de programa de EAD graças ao qual democratizou a oportunidade contínua de aprendizagem de novos conhecimentos técnicos, campanhas etc. com o objetivo de melhoria da qualidade do serviço militar.
Quanto maiores os atrativos tecnológicos e os apelos do marketing, menos importantes parecem os objetivos pedagógicos que devem marcar a qualidade de educação. A inversão de valores entre da finalidade pedagógica e a supremacia dos meios resulta, quase sempre, na banalização do conteúdo pelo fascínio dos aparatos. Que os meios facilitam, auxiliam, viabilizam, não há contestações, mas o que se deve esperar é a interação entre o meio e a mensagem ou a adequação entre ambos e não a supremacia de um sobre o outro.
Se compreendermos a educação além dos limites do ensinar e aprender escolares, entenderemos então que as relações que se estabelecem vão além da sala de aula e que seus resultados não estão circunscritos ao ensino presencial ou tecnológico. Dependem da interatividade que deve existir entre a mediação, e as respostas construídas pela aprendizagem. E naturalmente os meios usados alcançarão seus fins interativos.
Os objetivos da aprendizagem, e a promoção das experiências individuais e sociais, não obstante as pretensas previsões de propostas da prática de ensino, também são resultantes dos referenciais individuais que, inclusive, provocam ampliações ou impedimentos aos estudantes. A aprendizagem é sempre algo misterioso na relação professor, aluno e metodologia. É o que se poderia talvez chamar de mistério epistemológico. Ressalve-se que não é exclusivo de uma modalidade de ensino.
A educação a distância não é apenas uma modalidade de ensino ligada aos meios tecnológicos e à situação presencial ou não do docente. Como parte da resposta aos apelos do desenvolvimento da sociedade e das pessoas a ela recorrentes, a educação a distância vai alem do ensinar e aprender. Ela se estende à necessidade da prática social, nos termos da educação dos jovens e adultos ou da educação continuada, a partir da reflexão, e da crítica, que buscam respostas aos apelos da inclusão social, da renovação científica e da tecnologia
A educação a distância deve ser entendida também como uma estratégia para responder ao direito subjetivo da pessoa como garantida na constituição Federal, respondendo supletivamente sob forma escolarizada ou não, aos que foram impedidos na faixa etária própria. Na realidade, poderia ser de responsabilidade dos governos estaduais ou municipais e caso houvesse comprovada necessidade, concedida ao ensino particular. É uma modalidade que nasceu como um apelo e tornou-se permanente em virtude, inclusive, da velocidade que provocam as transformações da sociedade. Tendo nos meios eletrônicos, na comunicação e informação, grandes aliadas na educação, como na medicina, na engenharia na qualidade de vida, às políticas sociais, orientam nas situações emergenciais encurtando distâncias.etc.
A educação à distância segundo os estudiosos da sociologia da educação, está ligada à espantosa necessidade de renovação contínua do saber, e da prática social, em busca da promoção da segurança para superação dos problemas decorrentes da velocidade com que se renovam as profissões, os fazeres e saberes oriundos das descobertas tecnológicas e das pesquisas de modo geral.
O apelo mercantilista associado à filosofia de resultado, invade a educação, tornando-a um atrativo meramente comercial que, por sua vez, encontra na população ansiosa por qualidade de vida, a satisfação dos seus desejos tensões e necessidades existenciais, terreno fértil para venda de soluções milagrosas produzidas pela eficiência dos instrumentos tecnológicos e ilusões virtuais, confundindo-se com a renovação da ciência e do saber.
A educação a distância deve ser entendida como uma oportunidade que é disponibilizada aos jovens e adultos e aos que não conseguiram alcançar o direito à educação em tempo hábil. Configura-se como uma oportunidade de recuperação do direito à inclusão social. Alem dela deve facilitar a capacitação e readaptação numa sociedade de mudanças velozes, com graves conseqüências para a entrada na força produtiva. É, finalmente, o ensino de qualidade, em alguns casos, oferecido supletivamente de forma democratizada.
O caminho não é o da hipervalorização das máquinas, mas a valorização da pessoa. E para que a educação seja ela presencial ou à distância, possa oferecer respostas aos problemas da sociedade e da pessoa, deve ofertar alternativas viáveis ao desenvolvimento científico e tecnológico do mundo globalizado.
Assim a educação se faz pela qualidade do seu currículo, isto é, pela resposta que dá aos problemas sociais como um todo. A educação a distância mais do que um programa de estudos aleatórios, tem a característica de ultrapassar um programa estático, para tornar-se um processo dinâmico de resposta às mudanças sociais. O que é também diferente de um mero catálogo de vendas como acontece em alguns setores descomprometidos com a cidadania.
A educação a distância é um meio de fazer chegar a todos a educação democrática, produzindo o desenvolvimento social e a difusão do saber participativo.
Trata-se do cumprimento do direito básico nos termos constitucionais, de garantia da qualidade da educação, em especial, aos que dela foram privados na faixa etária ideal e aos portadores de cuidados especiais alem dos que estando em pleno exercício
1. autonomia para aprendizagem de novos conhecimentos;
2. formação inicial exigida para habilitação teórico prática;
3. readaptação do conhecimento para qualificação em novas oportunidades.
A educação à distância poderá ocorrer na modalidade “0n-line” quando o veículo poderia ser a internet com o uso de programas tutoriais e interdisciplinares. É mais uma estratégia de ensino que, inclusive, poderá ocorrer, liberando o aluno para as suas reais possibilidades, oferecendo mais participação em tempo real.
Assim entendida, a educação à distância não obstante a exigência de meios e pessoal especializados, pode tornar-se um grande programa para o Ministério da Educação, para as Secretarias de educação, ( estaduais e municipais) e para entidades educativas que a adotem como instrumento para desenvolver projetos de capacitação e ensino.
A EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA, NO BRASIL E NO PARANÁ
No Brasil pode-se afirmar que a Educação à Distância nasceu com a instalação da primeira emissora de rádio. Não obstante a preocupação educação pública, cabe também à iniciativa particular, mais precisamente ao Instituto Brasileiro em São Paulo com a oferta de cursos profissionais de corte e costura e outras profissões.
O Exército também pode ser incluído entre os pioneiros da capacitação à distância. O mesmo ocorria com outros agrupamentos militares com contingentes nas regiões fronteiriças de difícil acesso. Na Marinha e Aeronáutica.
Nas décadas de 70 e 80 houve, graças à Associação Brasileira de Tecnologia Educacional, maior esforço para emprego de recursos tecnológicos ao ensino. Houve a opção de passar do ensino por correspondência, ao uso da televisão e posteriormente ao da informática. Associação teve que curvar-se ao poder militar da época da ditadura.
No Paraná as primeiras experiências com o emprego da Tecnologia da Educação, foram desenvolvidas na Universidade Federal do Paraná, com a introdução da Disciplina Tecnologia da Educação e montagem do primeiro circuito fechado de Televisão no Curso de Pedagogia nas décadas de 70/80 quando se falava em Teleducação.
A Secretaria de Estado da Educação do Paraná, nos anos 90 usou os cursos “Um Salto para o Futuro”, alcançando cerca de quarenta mil professores, na capacitação do magistério e o “Telecurso Segundo Grau” que não teve a mesma penetração na época. O Centro de Treinamento do Magistério (CETEPAR) teve importante desempenho ofertando os primeiros treinamentos em televisão e informática. Com o Ministério da Educação/Projetos Salto para o Futuro, instalou-se o equipamento protótipo da Internet, ligando o CETEPAR ao MEC e à Universidade Paris na França. Foram os primeiros passos dados com limitações, mas com muita vontade graças ao Proninfe com a oferta de Antenas Parabólicas e os instrumentos precussores dos computadores atuais.
No Rio Grande do Sul a Fundação Pe Landel de Moura e na Bahia e São Paulo houve um Grande movimento pela então chamada teleducação com as fundações Pe Anchieta e vindo logo após em Salvador. Cabe registrar que a primeira Emissora foi instalada em Recife, seguida de São Paulo e Rio de Janeiro enquanto o Centro de Recursos Audiovisuais da Universidade Federal do Paraná ofereceu o 1º_Curso Nacional de Teleducação(como era chamado). em a colaboração de INEP-MEC. O SENAC , A PETROBRÁS, e empresas estatais assim militares desenvolveram cursos a distância.
Evoluímos. A nova geração de gestores da educação tem acompanhado o desenvolvimento da tecnologia da informação, vencendo os novos obstáculos que hoje assumem grandes responsabilidades. É preciso que a pedagogia assuma seu papel no preparo de magistério na promoção de novos cursos específicos para que as novas concepções de ensino e aprendizagem e de gestão da educação possam provocar transformações modernas. No Paraná houve na Universidade Federal, um Seminário Nacional da Associação Brasileira de Tecnologia Educacional promovido pelo então Presidente Prof. Maranhão, do Curso de Pedagogia. Faça-se justiça à Profa. Malba Santiago, que com o Prof. Albano Woisk e Archimedes Maranhão, participaram dos primeiros movimentos com o apoio da Profa. Zelia Miléo Pavão.
*Archimedes Maranhão, membro do Conselho Estadual de Educação, mestre em educação, especialista em EAD. Prof.aposentado da UFPR