MODERNIZANDO A SALA DE AULA 06/08/2012 - 14:20

Jose Dorival Perez*

No século XIX as salas de aulas eram formadas por fileiras de carteiras, onde os alunos sentavam-se um atrás do outro, tendo na frente um quadro-negro, onde um professor escrevia os conteúdos das aulas com giz, de costas para os alunos, usando o apagador na outra mão. No século XX as salas de aulas eram formadas por fileiras de carteiras, onde os alunos sentavam-se um atrás do outro, na frente um quadro-negro, onde um professor escrevia os conteúdos das aulas com giz, de costas para os alunos, usando o apagador na outra mão.
Neste século,.... nada mudou, pois a sala de aula continua da mesma forma. É inacreditável que, em pleno século XXI, com tanta tecnologia à nossa disposição, as salas de aulas continuam exatamente iguais há duzentos anos atrás. Ao contrário de outras áreas, como a saúde, por exemplo, onde o diagnóstico e tratamento de doenças são realizados com utilização de modernos equipamentos, a educação continua completamente artesanal. E isto não acontece apenas em escolas da rede municipal ou estadual. As escolas particulares de educação básica, as instituições particulares de ensino superior e até mesmo as universidades públicas ainda mantêm este tipo de sala de aula. Tem-se a impressão que a educação e a tecnologia são incompatíveis.
Está na hora, ou já passou da hora, de modificarmos esta situação e dotarmos a sala de aula com equipamentos modernos. E não precisamos falar ainda, por enquanto, de “lousas digitais” ou “um notebook em cada carteira”, o que no entanto, também é exequível. Bastaria, por enquanto, no lugar do quadro-negro, a parede pintada de branco, servindo de tela, um computador, um projetor (datashow) preso ao teto e altos falantes. Para eventuais anotações, pequenos quadros laterais. Esta simples tecnologia permitiria que os professores, além de escrever diretamente pelo computador, ilustrassem suas aulas com textos em power point, vídeos e outros recursos. Esta tecnologia em sala de aula, permitiria ao professor planejar suas aulas com antecedência, passar para um pen drive e levar para a sala de aula.
Não estamos falando em substituir o professor, pois este é personagem imprescindível no processo educacional, mas sim, dotá-lo de instrumentos que permitam uma aula mais moderna, dinâmica e motivadora. Ao contrário do que alguns educadores possam concluir, a disponibilidade do equipamento citado na sala de aula não irá provocar acomodamento dos professores, mas sim, a oportunidade e a necessidade de preparar antecipadamente suas aulas, utilizando o período destinado à hora-atividade. O uso destes equipamentos iria também, com certeza, reduzir o número de professores afastados temporariamente ou definitivamente das salas de aulas por problemas de saúde, como dores na articulação do ombro e alergia pelo pó de giz. E o custo destes equipamentos é acessível para todas as redes de ensino.
O computador, o projetor, os alto falantes e até o controle remoto para permitir ao professor mais mobilidade em sala de aula e integração com os alunos, mais o custo da mão de obra para sua instalação, não teria, absolutamente, um custo superior a R$ 4.000,00 por sala. Considerando que em cada sala de aula estudam em média 50 alunos (25 em cada turno), o investimento ficaria em aproximadamente R$ 80,00 por aluno. Quantia irrisória para este avanço na educação. Se a tecnologia, através de programas de Governo como o Proinfo, chegou às escolas com laboratórios de informática, isto acaba provocando até uma certa contradição quando o aluno, após as aulas no laboratório, retorna à sala de aula onde só encontra carteiras e quadro-negro, ou também quando o professor usa seu ipod ou ipad ou outro equipamento moderno durante o intervalo, passando “torpedos”, acessando a internet, assistindo programas de televisão, porém quando chega na sala de aula tem apenas o quadro negro, o giz e o apagador como instrumentos de trabalho. Está na hora de levar a tecnologia para a sala de aula e modernizarmos o processo ensino/aprendizagem. Vamos substituir o quadro-negro por uma tela colorida. Nossos alunos merecem.

*JOSE DORIVAL PEREZ é Vice Presidente do Conselho Estadual de Educação, Advogado, Pedagogo e Consultor em Educação

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