OS “SELFIES” QUE AS CRIANÇAS FAZEM PELAS PALAVRAS DOS PAIS E EDUCADORES! 25/09/2014 - 12:10

Dirceu Antonio Ruaro
 

No texto de hoje, quero propor uma análise aos pais e educadores, sobre a forma como as crianças incorporam em suas mentes as “palavras”, “frases” e/ou comentários que fazemos sobre eles.
Pois é, está muito na moda postar nas redes sociais “self” ou “selfies”. Pois bem, o significado original do termo, em inglês, pode ser traduzido como “autorretrato” em nossa língua.
Assim, as pessoas fazem autorretratos que podem ser impressos em forma de fotografias, mas que podem ser, também, incorporados em sua mente com significados diversos a partir da situação da vivência do (s) fato (s) ocorrido (s) consigo ou com um grupo.
Muitos pais, mães, e educadores em geral, têm a péssima mania de pensar que não humilham ou que não desprezam os filhos e/ou educandos com palavras e fazem comentários que, vão ficar presos na mente da criança pelo resto da vida, contribuindo para que sua autoestima seja a pior possível e, o que é pior, causando traumas interiores difíceis de serem superados ao longo da vida.
Ouvi, muitas vezes, de crianças de sete ou oito anos dizerem: “minha mãe diz que eu sou um burro”. Outras vezes, também ouvi dizerem: “você não serve pra nada”.
Muitos meninos e meninas, já adolescentes, dizem que seus pais e professores contribuíram muito para a construção de uma autoimagem complicada quando diziam “você é desastroso (a), desajeitado (a), irresponsável, incapaz, medroso (a) um estorvo”.
Não vou e, nem desejo, culpabilizar os pais e professores por nada. Apenas quero lembrar que a forma como os pais e professores educam é um retrato de como foram educados. Sei, por isso, que é difícil fazer diferente, pois somos fruto de um processo.
No entanto, nos dias de hoje, com tanto conhecimento da psicologia e das relações interpessoais, e, especialmente das consequências que essas relações impõem na vida das pessoas, é inadmissível que não se mude o modo de educar os filhos e alunos.
Por isso, considerando que os pais e professores costumam educar as crianças a partir de sua própria experiência de como foram educados, a tendência é que repitam os desastres a que foram submetidos e, diante disso, meu convite para que façam o “self” de seus relacionamentos parentais e educacionais e, percebam, no que precisam mudar em ralação aos filhos e alunos.
Sei que muitos pais e professores comentam que desejariam “educar” de forma diferente da que foram educados. Isso pode ser muito bom se ajudar a superar todos os traumas e problemas relacionais a que foram submetidos.
Mas, pode também, ocorrer o contrário. E, ao invés de superar, podem provocar a ocorrência de muitos outros problemas, caso não sejam capazes de analisar criticamente e saberem superar as situações que se apresentam de forma diferente, pois os tempos são outros e, também, as relações mudaram.
Mas, o que quero chamar a atenção de pais e educadores é que críticas e comentários pejorativos podem provocar resultados desastrosos na autoestima do filho e/ou do educando.
É preciso levar em conta que nem sempre a criança entende a forma como o adulto se expressa. E, é muito comum a criança não entender o que querem dela, não entender em que e como está errando.
Como não entende, a criança se sente culpada e vai incorporando as imagens de incompetências que lhe são imputadas pelos pais e educadores, criando uma rede de imagens que lhe demonstram que não tem comportamento adequado, mas ao mesmo tempo, não entende o porquê disso e vai criando um sentimento de culpa que só tende a crescer com o passar dos anos.
Esse sentimento de culpa poderá interferir de modo decisivo em todos os relacionamentos da vida adulta, tornando-se uma pessoa insegura, fechada, com medo de ser criticada, com medo de se expor em qualquer situação.
A tendência é que, quando adulta, a pessoa não consiga gostar de si mesma, julgar-se incompetente, desastrada.
Mesmo que seu filho (a), seu aluno (a) apresente dificuldades, você precisa lembrar que ele(a) tem o direito de ser amado(a) do jeito que é, pois é certo que o desejo de qualquer pessoa é de ser amada, principalmente pelos pais. Se o amor for demonstrado com palavras e atos, e, mesmo com dificuldades, a criança consegue desenvolver uma autoestima elevada e, cria ao redor de si uma rede de defesas capaz de lhe permitir a sensação de que, mesmo com dificuldades, é uma pessoa querida e amada pelos que lhe rodeiam, pense nisso, enquanto lhe desejo boa semana.

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