Prof.ª Dra. Augusta Maria Bicalho faz palestra sobre Formação Docente na CES 29/07/2021 - 16:47

Seguindo o plano de trabalho que envolve várias palestras com renomados educadores, a Câmara da Educação Superior (CES) do Conselho Estadual de Educação do Paraná (CEE/PR) recebeu, no dia 13 de julho de 2021, a Prof.ª Dra. Augusta Maria Bicalho, docente da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado do Espírito Santo (FAPES) e Coordenadora do Grupo de Trabalho de Formação Docente do Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais e Distrital de Educação (Foncede), para ministrar palestra à referida Câmara sobre a Formação Docente. A reunião aconteceu de forma online por videoconferência, devido ao Decreto Estadual n.º 4.230, de 16 de março de 2020, expedido pelo Governador do Estado do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior.

Na palestra, a Prof.ª Dra. Augusta Maria Bicalho abordou o desenvolvimento pessoal dos docentes, afirmando que este perpassa pela racionalidade técnica instrumental e avança a passos largos pelos processos de formação inicial e continuada, os quais têm implicações ético-políticas. A “questão não é somente epistemológica e metodológica, trata-se da formação Humana na sua totalidade”, afirmou a professora.

Neste contexto, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é fator importante para a formação docente, pois na proposta da BNCC, em cada disciplina, o docente deve construir com seus alunos a capacidade de aprender e relacionar teoria e prática. Nesta perspectiva, a professora Bicalho observa que é importante desenvolver uma nova racionalidade enquanto horizonte teórico e prático que emancipa a nova ciência, comprometida com a vida, a qual pode desarraigar a formação docente do âmbito de reprodução, livrá-la de paradigmas dominantes, que visam o lucro e a produtividade.

Para fazer tal desconstrução de paradigmas e apresentar uma Pedagogia da possibilidade é preciso desconstruir a formação focada apenas na prática pedagógica, e pensar em modos de fazer a formação docente que não visem um processo de inculcação, mas tragam visões alternativas para novos contextos, reformulando conceitos e rupturas a partir de grandes pensadores. Assim, a formação para Docentes requer análise tanto da forma como ela é construída e opera em nossas vidas, como do conteúdo que ela comunica em situações concretas. “O professor tem que fazer a diferença na universidade, na praça, na igreja, ser luz ao outro, ser um artesão do tempo onde estiver”, disse Bicalho.

Por outro lado, os docentes contemporâneos estão esgotados e, ao mesmo tempo, têm que inventar estratégias de sobrevivência, novas formas de comunidade, de docência, de aprender e ensinar porque a vida contemporânea, em todos os seus domínios, está em crise, há um empobrecimento da vida e diminuição da potência de criação.

Para a professora Bicalho, as leis de formação de docente, tais como a Resolução n.º 02/2019 – CNE substitui a Resolução n.º 02/2015 – CNE, que instituía as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial e Continuada em Nível Superior de Profissionais do Magistério para a Educação Básica (cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados e cursos de segunda licenciatura), “parecem estabelecer normas como se fossem capazes de salvar a escola brasileira, de resolver todos os problemas sociais a partir da escola, mas a vida não é uma matemática, em que dois mais dois é igual a quatro, nem uma receita a ser seguida, por isso, talvez,  se veja um esgotamento da docência,” esclareceu Bicalho.

No entanto, a docência com forças esgotadas carrega na sua contra-face, novas alternativas e possibilidades “é nesse avesso do Niilismo que eu acredito”, afirma a professora. A partir disso, nasce a outra perspectiva de organização escolar, trazendo sensibilidade humana e contextual, engajamento comunitário e democrático. Assim, por meio de alguns conceitos desconstruídos é possível pensar de outros modos a docência, o currículo, a teoria, a prática, a didática, o planejamento, a aprendizagem, a avaliação e a metodologia. Na percepção de Bicalho, “O professor tem que ser feliz na sua docência, ser autêntico, a vida mercadológica não pode entrar de forma que a beleza do magistério seja perdida.”

 

Presentes: Augusta Maria Bicalho (Foncede); Gisele Onuki (Seti); Mário Cândido Athayde Junior (Seti); Renê Wagner Ramos (Seti); Valdirene Kosak (Seti); Décio Sperandio (CEE/PR); Fátima Aparecida da Cruz Padoan (CEE/PR); Christiane Kaminski (CEE/PR); Flávio Vendelino Scherer (CEE/PR); Maria das Graças Figueiredo Saad (CEE/PR); Rita de Cássia Morais (CEE/PR); Beatriz Kozicki (CEE/PR) e Gisele Cristina Siqueira da Silva Seixas (CEE/PR).