Representantes da Matriz Afro, da Undime e da Uncme fazem palestra na Comissão do Ensino Religioso do CEE/PR 24/04/2023 - 11:40

O Conselho Estadual de Educação do Paraná encerra uma série de palestras, durante a 3.ª Reunião Ordinária, sobre as religiões presentes no estado do Paraná com a finalidade de dialogar com os diferentes credos e adquirir o  maior número de informações possíveis que possam cooperar com o desenvolvimento do trabalho da Comissão do Ensino Religioso, instituída por meio da Portaria n.º 08/2022, quanto às normas para o Ensino Religioso do Sistema de Ensino no Paraná.

Na última palestra da série, estiveram presentes a representante da liderança religiosa de matriz africana, Professora Adriana Cristina Zielinski do Nascimento – que abordou a importância das religiões Afro para educação paranaense –, a Presidente da União dos Dirigentes Municipais de Educação do Estado do Paraná (Undime) e Conselheira Suplente do CEE/PR, Marcia Aparecida Baldini, e a Diretora de Formação da União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação (Uncme), Claudinéia Maria Vischi Avanzini, que trataram como o Ensino Religioso é trabalhado nas redes municipais do Paraná.

A Presidente da Undime, Marcia Aparecida Baldini, relatou que foi realizada uma pesquisa entre 28 de março a 06 de abril de 2022, em 127 municípios parananenses, e constatado que destes, 126 ofertam Ensino Religioso como componente curricular; 121 ofertam a disciplina em todos os Anos Iniciais; 84% dos municípios ofertam uma carga horária semanal de 45 a 60 minutos e 12% disponibiliza mais de uma hora; a avaliação é descritiva, contínua e participativa; o currículo é baseado em documentos como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), o Referencial Curricular do Paraná, o Currículo do Município e o da Associação dos Municípios do Oeste do Paraná (AMOP), em legislações locais, dentre outros; e somente 7,9% possui Sistema Próprio Municipal de Ensino. Diante dessa pesquisa, Baldini destacou a relevância da discussão sobre o Ensino Religioso ser interconfessional nas escolas da Rede Municipal do Paraná.

Para a Diretora de Formação da Uncme, Claudinéia Maria Vischi Avanzini, o Ensino Religioso é o único componente curricular garantido pela Constituição Federal, está presente nas Diretrizes Curriculares, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e na BNCC. E deve diferir do modelo confessional e catequético que muitos estudantes tiveram, tratar dos conhecimentos científicos e culturais das diversas religiões, “contribuindo desta forma para que os estudantes compreendam, valorizem, respeitem e saibam conviver com o diferente, que exerçam a cidadania, incluindo o respeito ao direito do outro seguir e expressar sua religiosidade”, afirmou, Avanzini.

De acordo com Avanzini, a cidade de Araucária, localizada na região metropolitana da capital paranaense, por meio da Secretaria Municipal de Educação, faz um trabalho significativo no que diz respeito ao Ensino Religioso nas escolas de sua rede. O documento Organização Curricular de Araucária insere o componente curricular do Ensino Religioso nas turmas dos anos iniciais (1.º ao 5.º ano), sendo que o objeto de estudo do componente é o “Sagrado”, possibilitando, desta forma, o estudo da manifestação da diversidade cultural e religiosa presentes como formas de religiosidade manifestada em diferentes contextos.

As escolas têm a função social de preparar os estudantes para que construam uma sociedade mais justa e equitativa, que saibam se posicionar contra o bullying, o racismo e que valorizem a diversidade religiosa presente em todos os espaços sociais, relatou Avanzini. Dentro desse contexto, “o Ensino Religioso têm como objetivo a promoção dos direitos humanos, a favor dos princípios éticos que contribuam para o diálogo de paz, para o exercício do respeito, do pluralismo de ideias, para a construção de valores éticos e de cidadania”, ressaltou a Diretora de Formação da Uncme.

A Professora Adriana Cristina Zielinski do Nascimento, Presidente Executiva da Federação Umbandista do Estado do Paraná (FUEP), Pedagoga e doutoranda em Sociologia pela Universidade Federal do Paraná, que atua na diversidade das Relações Étnico-Raciais, formação e desenvolvimento, contradição, humanização e formação continuada, abordou, em sua palestra, a importância de se estudar as religiões de matriz Afro no Ensino Religioso, como Candomblé, Umbanda, além das tradições como Jarê, Terecô e Xangô de Pernambuco, o Batuque do Rio Grande do Sul, o Tambor de Mina  e a variação do candomblé no Maranhão. Segundo ela, “é necessário começar o ensino da diversidade religiosa desde os primeiros anos da Educação básica, buscando, desta forma, ter uma sociedade mais justa e menos preconceituosa”.
Para o Presidente da Comissão do Ensino Religioso, Conselheiro Flávio Vendelino Scherer, o diálogo com as diferentes religiões tem contribuído de forma significativa para o trabalho da Comissão, que  estuda sobre as normas para o Ensino Religioso do Sistema Estadual de Ensino no Paraná. “Busca-se, por meio desse trabalho, construir um caminho para a cultura de paz religiosa, sem bullying e preconceitos na sociedade paranaense”, afirmou Scherer.