Ser professor não é apenas uma profissão: é missão 24/10/2018 - 06:10
“Tratamos os professores como joias. Ser professor não é emprego: é a profissão responsável por moldar as futuras gerações” – este é o mote do país que apresenta um dos melhores resultados nas avaliações educacionais internacionais. Ostenta, orgulhosamente, que as suas “professoras primárias são apaixonadas pela Matemática”. Neste país, os exames escolares são aplicados de maneira padronizada em todas as instituições de ensino, o que afere a qualidade de cada uma delas. Os docentes são escolhidos entre os 5% dos estudantes com melhor desempenho e, inicialmente, são submetidos a estágios probatórios e mentoria dos mais experientes.
Você pode estar imaginando: seria a Finlândia? Ou o Japão? Ou a Coreia do Sul? Até poderia ser, pois são nações que também exibem elevado desempenho educacional, porém este país tem a singularidade de ter a população, até a década de 1960, majoritariamente analfabeta e pobre. Sim, é Singapura.
Em consonância com todas as nações bem situadas nos rankings educacionais, Singapura propicia uma carreira de magistério com intensa qualificação profissional, reverencia os mestres com o merecido prestígio e glamouriza os apaixonados e vocacionados pela nobre missão de ensinar. E no decurso da carreira, os professores dedicam-se à capacitação 100 horas ou mais anualmente, com ênfase no desenvolvimento de novas metodologias, tecnologias de ensino e habilidades. E igualmente relevante: são avaliados sistematicamente, recebendo feedbacks acompanhados meritocraticamente pela oferta de bônus e prêmios.
Um dos pontos-chave do sucesso da educação em Singapura reside no fato de os professores serem amplamente reconhecidos pela sociedade, aspecto no qual o exemplo do Japão é igualmente oportuno e icônico: todos os súditos se inclinam ao saudar sua majestade, à exceção dos mestres, sob a prerrogativa de que sem bons professores não se faz um bom imperador.
Resgatar o prestígio social dos nossos mestres talvez seja, aqui no Brasil, o primeiro passo para uma significativa melhora em nossa tão comprometida qualidade educacional, além da adoção de outras implementações estruturantes: avaliações padronizadas, feedbacks, capacitação, controles, oferta de bônus por resultados, adequação da infraestrutura física, adoção de novas tecnologias, etc. Obviamente, um esforço hercúleo será necessário, até porque boas iniciativas já implementadas nesse sentido naufragaram no Brasil por incúria administrativa e pressões corporativas ou ideológicas. Ademais, um simples incremento linear nos salários seria uma medida irresponsável – além de inócua – em meio às combalidas finanças públicas. (Jacir Venturi)
Fonte: Gazeta do Povo
Fonte: Gazeta do Povo